lunes, 24 de agosto de 2020

¿DIEGO RUIZ O DÍDAC RUIZ?


La Publicitat, 29 de setembre de 1931


La Publicitat, 1 d'octubre de 1931

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La Publicitat, 25 de mayo de 1932


Nosaltres Sols!, 14 de maig de 1932


El Imparcial, 18 de mayo de 1932

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Artur Bladé i Desumvila, L'exiliada (Dietari de l'exili, 1939-1940), 1975.



domingo, 23 de agosto de 2020

FERNANDO PESSOA INCLUYE A DIEGO RUIZ ENTRE LAS FIGURAS DE GRAN TALENTO (¿1914?)

Sobre um inquérito literário

Diferença entre o género de cultura que há hoje em Espanha e Portugal. Em Espanha há um intenso desenvolvimento da cultura secundária, da cultura cujo máximo representante é um homem de muito talento; em Portugal, essa cultura não existe. Há porém a superior cultura individual que produz os homens de génio. E, assim, não há em Espanha hoje uma figura de real destaque genial: o mais que há é figuras de grande talento —um Diego Ruiz, um Eugenio d’Ors, um Miguel de Unamuno, um Azorín. Em Portugal há figuras que começam na centelha genial e acabam no génio absoluto. Há individualidades vincadas. Há mais: há um fundo carácter europeu no fundo. Como é individual, e o meio social não está organizado, a cultura portuguesa está anarquizada, cada homem de génio vivendo consigo próprio, e, o que é pior, cada um escrevendo um pouco sem disciplina. Cabe afastar alguns deste juízo —Junqueiro supremamente. E cabe advertir que essa organização da cultura nacional começou, no Porto, com a “Renascença Portuguesa”. Em Espanha há um meio culto a mover, a influenciar, mas não há o Homem que o mova. Em Portugal há uns poucos de homens capazes (por seu valor intelectual) de mover o meio; falta, porém, o meio culto que movam. De modo que em Portugal é preciso que apareça um homem que, a par de ser um homem de génio, para que possa mover o meio por inteligência, seja um homem de sua natureza influenciador e dominador, para que ele próprio organize o meio que há de influenciar, e ir influenciando ao construi-lo. Diz Wordsworth, num dos prefácios críticos a uma das edições das Lyrical Ballads, que o poeta tem de criar o meio que o compreenda. Assim é, quando, como no caso que Wordsworth citava, que era o seu próprio, o poeta é um grande original.

Onde está o erro da “Renascença Portuguesa”? O primeiro é em estar no Porto. De resto, não podia ter nascido senão no Porto, de modo que, como em tudo, se repararmos bem, na própria única coisa possível está o defeito inevitável. Sem esse defeito, não teria havido a causa, nem o efeito portanto.

Toda a literatura ibérica, e a nossa não predominantemente, sofre dum provincianismo radical. Extra-pertencemos à Europa, somos uma espécie de adjacência civilizada. Na Catalunha o fenómeno que descreve toda a cultura espanhola tomou incremento especial; de aí, mais do que em Castela, confinarem ao génio muitos dos seus homens. Mas, fundamentalmente, o que há é sem dúvida um grande desenvolvimento da cultura secundária. Há um esplêndido jornalismo. A influência da América Espanhola tem sido grande nisto. Em nós, nenhuma tem sido a influência do Brasil. Urge, por isso, para que criemos uma cultura secundária idêntica à da Espanha, que criemos as condições que a criaram. Urge que estreitemos inteligências com o Brasil. Urge que pacifiquemos o meio social e eliminemos a fermentação revolucionária. Urge que nos organizemos economicamente e saiamos um pouco, porque pouco seria muito para nós, do nosso sonho, não de poetas (como dizem os idiotas nas conferências), mas de mandriões.

Razão teve o Sr. António Sérgio quando insistiu nesse ponto.

Uma vez criado um meio culto entre nós, ver-se-á de repente esse meio culto tomar um relevo, uma importância excepcional. É que nós realizamos a absurda situação de ter criado já os dominadores, os influenciadores, as figuras-chefes desse meio, sem que houvéssemos criado o meio ainda.

Fernando Pessoa (1914?)

Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho), Edições Ática, Lisboa, 1966.

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Sobre el interés de Fernando Pessoa por la obra de Diego Ruiz pueden consultarse los trabajos siguientes:

Jordi Cerdà Subirachs, «Fernando Pessoa, ¿lector de Diego Ruiz?», Perfiles de la traducción hispano-portuguesa, III / Xosé Manuel Dasilva (ed. lit.), 2010, págs. 25-43.

Jordi Cerdà Subirachs, «Pessoa vienés», Pessoa Plural - A Journal of Fernando Pessoa Studies, 3, 2013, págs 28-45.

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Lista manuscrita conservada en la Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), en el espolio de Fernando Pessoa: (E3, cota 48B-41). Figuran tres obras de Diego Ruiz: Genealogía de los Símbolos (1905), Teoría del acto entusiasta (1906) y Nieto de Carducci (1907).


Lista manuscrita conservada en la Biblioteca Nacional de Portugal (BNP): 
(E3, 48B-73. Referencias bibliográficas de Diego Ruiz.